
Já faz algum tempo que venho louvando
a Deus por ser católico. Inúmeras vezes eu disse a
Jesus, do fundo do meu coração,“Senhor, eu sou muito feliz por ser
católico!” É um pouco dessa minha alegria e satisfação que quero
partilhar com vocês. Como muitos, eu também já me perdi em mil caminhos.
Por isso, toda essa alegria e felicidade que hoje declaro, são autênticas, vêm
da minha experiência pessoal com a fé e a doutrina da Igreja Católica. Eu
busquei conhecer, encontrei o que procurava e, por isso, hoje eu amo minha
Igreja. Pela Igreja eu me uno ao Deus que meu coração tanto deseja e busca,
reconheço-O como Pai, pois Ele me reconhece como filho em Cristo, e, no seu
Espírito de Amor, eu me uno aos irmãos. Minha alegria é completa.
Minha alma se eleva quando paro pra
pensar que nossa Igreja nasceu do próprio Cristo, do seu amor, do seu convívio
simples e íntimo com sua família, seus parentes e amigos, e com seus
discípulos. A Igreja foi formada nas palavras e gestos de amor de Jesus. Onde
está Cristo, aí está a Igreja. Então, penso que a simples casa de Nazaré já era
nossa Igreja, bem no comecinho; Jesus, Maria e José numa comunhão de amor
humano e divino. Não é essa a essência de toda a mensagem de Cristo: amor a
Deus e ao próximo? O que fez Jesus, senão amar e ensinar a amar? Foi o que fez
durante toda a Sua vida, com todos que conviveu. Jesus veio chamar, congregar,
reunir todas as ovelhas, todos os povos, todas as gentes numa só família, nesta
grande família que é a Igreja, e que é “católica”, porque é “universal”. Ela
abarca todos aqueles por quem Cristo se entregou, ou seja, toda a raça
humana.
Contemplo Jesus na cruz, olho para
seu lado aberto e sei que dali veio nosso banho de salvação. Do lado aberto de
Cristo jorrou sangue e água. O sangue que foi o preço da nossa salvação, e a
água que veio nos lavar e nos marcar com um novo e definitivo batismo. Somos
filhos de Deus. “A todos aqueles que receberam sua Palavra e creem em
seu Nome, a eles deu o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram
do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de
Deus” (Jo 1, 12-13). Que sacramento lindo é o Batismo. O
próprio Espírito Santo nos sela, nos marca, e a partir de então, o próprio Pai
contempla em nós o Filho, e diz, amorosamente, para nós e sobre nós: “Eis o meu
filho muito amado, em quem eu ponho todo o meu bem querer” (Mc 1, 11).

A celebração eucarística, ou seja, a
Santa Missa é algo que só quem busca de verdade viver esse mistério sabe
entender o que estou tentando dizer. O diálogo litúrgico entre Deus e nós, Deus
que nos reúne no amor de Cristo, o Pai misericordioso que nos perdoa as faltas,
as orações de súplica e de louvor, as leituras das Sagradas Escrituras, os
salmos e cânticos inspirados, o Evangelho, que é o próprio Cristo falando
conosco, a comunhão fraterna, a comunhão eucarística, as bênçãos que recebemos,
tudo isso é maravilhoso e envolvente para quem se deixa envolver. Mas nada se
compara ao misterioso milagre que acontece em cada missa sobre o altar. O altar
se torna o próprio Calvário, e ali Jesus se imola como Cordeiro para nossa
salvação. Não “de novo”, mas atualizando, tornado presente o que já foi
realizado de uma vez por todas. Seu sacrifício de amor por nós é eterno,
definitivo, sem fim; é hoje e para sempre. Deus não cessa de repetir o “Eu
te amo!” manifestado na cruz. Ele continua fiel, juntamente com o
Filho e o Espírito em Sua decisão irrevogável de vir até nós e nos salvar. É
realmente “loucura e escândalo”. Uma loucura e um escândalo de Amor.
Outro ato amoroso de Deus por nós,
que manifesta sua infinita misericórdia e bondade é o sacramento da
reconciliação, a “confissão”. Como é bom receber o perdão dos pecados!
Como é bom saber que Jesus mesmo quis dar esse poder aos apóstolos, e esse
carisma foi sendo transmitido através dos tempos a muitos outros sucessores, e
hoje, quando um sacerdote, frágil criatura como eu, mas ungido pela graça do
Espírito Santo, diz a fórmula da absolvição, todos os meus pecados confessados
são, de fato, perdoados por Deus, e ninguém pode mudar isso. Eu me sinto tão
bem depois de confessar meus pecados ao padre! Na pessoa dele, independente de
sua índole, naquele momento é Cristo quem me absolve e me despede em paz. É bom
que seja assim, pois eu não poderia simplesmente me confessar diretamente com
Deus. Isso eu faço, pois Ele sonda os corações. Mas eu preciso me “humilhar”
diante de um semelhante, pois isso vai me curando do meu pecado, sobretudo do
pior deles, que é o orgulho. E além do perdão das culpas, Deus, através da
Igreja, nos concede inúmeras indulgências quanto às penas temporais que esses
pecados nos acarretaram. A misericórdia de Deus é admirável!
Sou feliz por fazer parte de uma
Igreja que se une aos que já partiram desta vida num intercâmbio de orações,
graças e muitos milagres. Essa unidade se chama Comunhão dos Santos.
Nós cremos que aqueles que a Igreja proclama Santos são pessoas como nós,
pecadores e frágeis, mas que descobriram o verdadeiro sentido de sua existência
em Deus e, a partir de então, fizeram tudo o que estava ao seu alcance para
viverem conforme o Evangelho. Foram pessoas que se deixaram transformar pela
graça santificante, mortificando suas paixões, vícios, tendências e pecados.
Pessoas que deixaram com que o amor de Deus as possuísse por completo, a tal
ponto que nada mais importava, senão ser reflexo límpido desse amor. São
vencedores, os que combateram o bom combate, e que estão na eternidade
vibrando, torcendo, rezando e intercedendo por nós. E é claro que essa
intercessão não é estéril; pelo contrário, ela é eficaz. Eu posso testemunhar
muitas graças pessoais e de outras pessoas que receberam graças pela
intercessão dos Santos. É Deus, sim, quem realiza os milagres, mas Ele age por
seus servos fiéis.
Outro benefício da Comunhão dos
Santos é a riqueza espiritual que todos nos deixaram. A Igreja é riquíssima de
exemplos de vidas santas, de doutrinas espirituais, de ensinamentos, cartas,
relatos, méritos, testemunhos que esses Santos nos deram. Temos uma lista vasta
de Santos Mártires, que lá no começo da vida da Igreja derramaram seu sangue
por amor a Cristo. Temos os Pais do Deserto, homens e mulheres que, já nos
primeiros séculos, se retiravam para o deserto para viverem uma vida de
solidão, dedicação total e contemplação de Deus. Temos Santos atuais, como o
Beato João Paulo II, Beata Teresa de Calcutá, S. Pio de Pietrelcina, S. Giana
Bereta Molla (esposa e mãe), e outros, que são pessoas que nós vimos agir pelo
bem da humanidade. São pessoas que fizeram a diferença num mundo tão egoísta,
onde o que comanda é o prazer, a riqueza e o poder. Quem ousa negar a santidade
dessas pessoas? E se não são santos, que outro nome poderíamos dar a eles?
Existe algum título que melhor lhes cabe? São santos, pois viveram uma vida
santa. Eles nos ensinam que a santidade está ao alcance de todos. É um dom do
Alto, mas que Deus deseja dá-lo a todos que, de fato, se abrirem ao Espírito. A
Igreja, o mundo, mais do que nunca, precisa de santos! O chamado à santidade é
para todos. Tenho certeza de que todos nós conhecemos muitos santos, pessoas
que não estão nos altares, mas sabemos que foram santas pela maneira que
viveram e que hoje já estão na eterna bem-aventurança. A Igreja coloca alguns
em destaque para serem luz, para nos ajudar e animar a viver melhor o
Evangelho, e a chegarmos lá. Eu sei que preciso, e gosto, de contar com a
intercessão dos Santos, especialmente de São José.



Realmente, eu sou muito feliz
por ser católico, e essa alegria é elevada ao extremo por minha vocação
monástica, por pertencer somente a Deus, por minha vida pertencer à Igreja. O
que desejo é que essa mesma alegria, que vem do Espírito Santo, “Alma da Igreja”,
seja comunicada ao coração de cada um, católico ou não. Uma coisa eu afirmo com
toda convicção: Vale a pena; é muito bom ser católico!
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